Sábado Retro – Alex Kidd in Shinobi World

No aniversário do Mini nós convidamos os leitores a participarem do site com reviews de jogos que marcaram demais suas vidas ou que estavam jogando quando tinham 7 anos. Embora o número de textos recebidos nem tenha sido nem perto do que eu esperava, vi que existe um contato muito grande e amoroso com o material retro citado no Mini.

E é hora desse material ganhar um pouco mais de espaço.

E para isso vamos começar um sábado retro. E com um Alex Kidd. De Master System. E não só um Alex Kidd qualquer… o melhor deles. Revisto e comentado pelo mestre do Master System e o senhor dos RPGs  8 Bits… Sir Kao. Para quem não conhece o Sir Kao, ele mantinha o site Retro Fantasy, é um especialista em games da era 8 e 16 bits e ama Parodius e Terranigma.

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Em um belo dia de céu azul e límpido, as flores quadradas eram numerosas e cobriam os vastos campos verdes, enquanto as montanhas triangulares enfeitavam o horizonte. Mas nenhum aglomerado de pixels era mais belo do que a namorada do macaco antropomórfico, de nome Alex Kidd.

Lá estavam eles papeando como se não houvesse amanhã, e quando Alex pensa em partir pra ação carnal, a Sega lembra-o que sexo é proibido para os heróis, então o céu torna-se negro e raios violentos cortam as nuvens. Drasticamente, um ser amendrotador com cara de fuinha e nariz de palhaço desde dos céus girando, e com um simples abraço rapta a loirinha das mãos do macaquinho, e este, numa épica demonstração heróica, ajoelha-se e começa a chorar.

Eis que surge um ninja dos céus, e explica ao chorão que aquela fuinha é na verdade o  Ninja Negro, o mesmo que foi banido há 10 mil anos atrás (um ninja de Jericó provavelmente), e retornou com sede de raptar sua garota para conseguir o poder final, e enquanto você fica chorando ele vai fazendo bom proveito dela, da forma que sua mente suja quiser imaginar.

Alex Kidd in Shinobi World é um jogo que chegou para nós em meados da década 1990, nas mãos da Tec Toy. O joguinho não foi somente uma paródia do clássico Shinobi, mas simplesmente tornou-se um dos maiores petardos desse aparelho de 8-bit que faz mais sucesso em terras tuipiniquins do que no resto do mundo, o meu amado Master System.

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Basicamente, você controla o macaquinho ninja em um curta aventura de 4 estágios em versões fofinhas do Shinobi, sendo que cada um deles é dividido em três estágios. Para te auxiliar, além da sua poderosa katana, você também terá dardos (shurikens são pra mocinhas) e uma esfera em que poderá transformar-se num furacão e devastar a tela. Também é possível utilizar habilidades ninjas, por exemplo, agarrando-se em postes e barras de metal, é possível girar até transformar-se numa bola de fogo e então detonar tudo que estiver no caminho; puxa, isso realmente me impressionou na época, e até hoje acho animal! Ah, claro, você também pode escalar paredes estilo Samus Aran e andar sobre a água como Jesus.

A controle é bem fluído e com rápida resposta,  e a jogabilidade não é nem de longe comparável com a dificuldade do infernal Miracle World, porém, a característica de não ter continues foi mantida, e se você não se contentar com isso, então vai jogar coisa mais nova, ué, isso é 8-bit meu amigo.

Os gráficos são outro ponto forte do joguinho, cheios de cores e ricos em detalhes por todos os lados, eles alcançam o auge do aparelho. Tudo tem um tom de fofinho e humorístico convivendo em perfeita harmonia. Hoje pode parecer tão simplório, mas lembro de como meus olhos de pivete brilhavam ao contemplar essa pequena obra-prima.

Além de tudo, as músicas são muito boas e memoráveis, tanto que enquanto escrevia esse review mal-acabado e sem vergonha, a todo momento elas vinham na minha cabeça. Apesar das melodias serem originadas de Shinobi, a remixagem de Alex Kidd in Shinobi World deu um toque muito mais vívido a obra. O compositor original, Yasuhiro Kawakami, que apesar de não muito conhecido, é o mesmo de outra trilha sonora que adoro, Final Fantasy Mystic Quest (apesar do jogo ser um dejeto).

Bom, apesar de nunca aparecer no ranking dos melhores jogos da geração pixelizada, eu considero Alex Kidd in Shinobi World um clássico injustiçado, tamanha qualidade e diversão que esse jogo possuia pros padrões da época, só ficando a desejar na duração, claro, nada que nos impeça de jogar novamente. Para a maioria dos fãs da série, esse foi o jogo que mais fez jus ao nosso querido porém falecido mascote, Alex Kidd.

Curiosidades (que quase todo mundo sabe):

– O jogo era para ser lançado como Shinobi Kid.

– O primeiro chefe seria chamado Mari-Oh, numa explícita alfinetada ao mascote da Nintendo, porém foi mudado para Kabuto. Fora isso, o seu bigode foi retirado, mas ele lança bolas de fogo e ao invés de aumentar, encolhe.

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– Em um dos pôsteres da Tec Toy que costumavam acompanhar os jogos, é mostrada uma tela do jogo que na verdade era do protótipo Shinobi Kid. Esse erro é famoso e discutido em fóruns internacionais, além de ser uma das várias trapalhadas da Tec Toy que deixavam a Sega furiosa.

– A abertura do jogo é claramente inspirada (pra não dizer clonada) de outro jogo da própria Sega, Dynamite Dux. Compare e tire suas próprias conclusões.

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Sobre Marcel Bonatelli

Historiador de games e jogador inveterado eu respondo todas as suas dúvidas sobre games e o mercado de games no site minicastle.org ou no email marcelbonatelli@minicastle.org

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