Crônicas da História do Videogame – Nintendo – Parte 9 – Um ultra videogame com instinto matador

Já ouviu falar do project Café?

E do Revolution?

E do Project Reality?

Bom… é a hora de conhecer um deles…

E hora de falarmos das origens humildes, e dos homens por trás, do Nintendo 64!

Ou… ULTRA 64… para os íntimos!

Vamos nessa!

O que nós perdemos 23 – Project Dream – RARE – Nintendo 64

Como nós falamos a duas semanas atrás, Project Dream era um RPG com gráficos renderizados que se tornou simplesmente ambicioso demais para o SNES, onde vinha sendo desenvolvido. O projeto foi levado para o Nintendo 64 mantendo o mesmo enrendo do jovem Edson e suas encrencas com um bando de piratas chefiados pelo terrível capitão Black Eye em um conjunto de ilhas.

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Infelizmente para a equipe do projeto, enquanto Conker: Twelve Tales (falaremos dele em um futuro “O que nós perdemos”) era mostrado na E3 e Goldeneye era jogado em salas do mundo todo, eles não tinham quase nada de efetivamente jogável para mostrar. A Nintendo e a direção da empresa interviram, dando um ultimato que o projeto deveria caminhar mais rápido ou seria cancelado. Em desespero a equipe abandonou os tortuosos terrenos gerados em renderização prévia e abordaram um novo sistema de criação de terreno semelhante ao que já vinha funcionando em Conker – o que gerou um novo problema com a enorme quantidade de água (que, por ter que ser trafegável/navegável, não era renderizada de forma consistente ou apresentável pelo motor gráfico) assim como o tamanho do terreno em si (Já haviam percebido que todos os terrenos em Banjo Kazooie, Banjo Tooie, Conker e DK64 são limitados por montanhas/florestas/oceanos?).

Aos poucos o grupo foi se vendo com um problema grave em mãos: O motor gráfico interno da RARE, que já estava pronto, não sustentava um jogo envolvendo ilhas e um mundo de água, um novo motor gráfico demoraria meses que a equipe não tinha e criar o jogo inteiramente em gráficos renderizados basicamente impossibilitaria o jogo de sair nos diminutos cartuchos de Nintendo 64 (a equipe que a Capcom contratou para levar RE2 para o Nintendo 64 teve que fazer miséria para levar os dois Cds do game para um cartucho de 256 MEGA).

O projeto simplesmente parecia fadado ao cancelamento. Até que a equipe interna fez uma reviravolta.

Deixando de lado o estilo RPG e fincando o pé no adventure, que já conheciam e dominavam, a RARE jogou fora o personagem principal, deu o palco para um urso (que até então era um amigo de Edson de uma das ilhas), fez o urso ser acompanhado por uma fêmea de pássaro completamente louca (que antes ficava com a irmã de Edson) e deu adeus para as ilhas em nome de um conjunto de mundos a la Mario 64. E o jogo andou…

E como andou!!!

E virou um clássico…

Um dos melhores jogos do Nintendo 64

Um clássico tão grande que ganhou versão HD…

… e HD HD (Isso existe?)!

Faremos um review desse game uma hora!

Teria Project Dream sido melhor que Banjo Kazooie? Muito provavelmente não – mas provavelmente seria tão carinhosamente lembrando quanto visto a quantidade ínfima de RPG que o sistema efetivamente teve. Mas o mais engraçado de tudo isso é que existe uma piada interna em Banjo Tooie envolvendo essa situação. No estágio Jolly Roger Lagoon você consegue encontrar o capitão Black Eye, completamente chapado de bêbado, dizendo que ele teve um sonho e que nesse sonho ele estava em um jogo ótimo e que um urso, muito parecido com Banjo, roubava dele toda a fama.

Uma piadinha interna da RARE e uma despedida fofinha a ideia de Project Dream e o que ele poderia ter sido (entre 2:15 e 2:45)

Até daqui a duas semanas galera!