Minha primeira pergunta neste review é: 6 Mega Man por 15 dólares?
Minha segunda pergunta é: Caralho! Quem pensou nisso?
Minha terceira pergunta é: Alguém deu um prêmio para ele?
E essa é minha exata sensação sobre Mega Man Legacy, uma coletânea bizarra da Capcom que inclui os 6 primeiros jogos do Robô Azul mais famoso do mundo em um só download, com filtros visuais e sonoros que permitem que ele seja facilmente utilizado em nossas tvs atuais super enormes e chiques. E a coletânea vem carregada de material adicional de desenvolvimento, como propagandas, artes, e tudo mais. E se isso tudo não deixou você excitado o fato de que todos as seis obras primas do NES custam 15 doletas (O que, mesmo com o dolar a 4 dilmas, ainda são R$ 60,00), menos do que UM cartucho loose de NES, com certeza vai.
E se você ouvir essa música e não tiver uma reação emocional…
… você morreu e esqueceu de deitar.
Mega Man Legacy Collection, que vou passar a chamar de Legacy, não é uma carta de amor para o Blue Bomber, que anda BEM esquecido, diga-se de passagem. Mais é tipo…. um post de facebook de amor. Um tweet de amor. Uma mensagem de Whats app de amor.
E uma mensagem bem bonitinha. Daqueles com emoticones. Que te pegam quando você não estava esperando.
Os 6 jogos contidos na coleção são exatamente iguais as suas versões originais no NES. Exatamente. Diferente de Mega Man Anniversary Collection (no Cube) e de Rare Replay (no XBOX One) nada foi modificado para tornar a experiência mais palatável para os novos usuários – se você não conseguia terminar Mega Man no NES… bem provável que isso continue verdade aqui. Nada de modo mais fácil, nada de invencibilidade temporária ou permanente, nada de capacidade de “rebobinar” erros – isso é Mega Man como ele era lá nos idos de 1985 a 1991.
E meu Deus como eles continuam bons. E difíceis. Imensamente difíceis.
Os gráficos continuam os mesmos do NES, mas a emulação é perfeita e apresentada límpida e cristalina na sua saída HDMI. Existem duas opções de filtros, um “brilhante”, chamado TV, que emula a paleta de cores do Arcade do NES (o Playchoice) e deixa a imagem ligeiramente mais esfumaçada e redondinha e o “detalhado”, chamado Monitor, que deixa as cores menos vívidas mas deixa a resolução tão alta e afiada que ela quase corta os olhos. Eu senti que ela chegava a melhorar minha capacidade de jogar Mega Man porque eu sabia, com precisão de pixels, onde exatamente acabava uma plataforma ou começava outra. Ambos os filtros são experiências bacanas, e jogar sem eles também é legal, mas eu preferi o modo monitor. No departamento gráfico você pode ainda escolher o formato da tela (original, como era no NES 4:3 limitado ao equivalente a uma tela de 29/31 polegadas, full, ainda em 4:3 mas tomando todo o espaço da sua TV, e Wide, que eu não recomendo pois “achata” a imagem e a “martela” até ela encaixar em 16:9, preenchendo a tela toda) e se você quer ou não bordas para os formatos original e full
O som está lá em toda a glória dele (retorne ao vídeo do começo desse review e de play de novo… e de novo… e baixe ele no seus celular e escute a caminho do trabalho) e, graças aos velhos deuses do NES, os passwords foram trocados por um sistema de save point que funciona muito bem no modo automático, mas que pode ser usado a quase qualquer momento.
Tá… mas e além de 6 dos melhores jogos que o NES tinha para oferecer? O que mais eu ganho?
Bom… seu ingrato… você ganha também uma enciclopédia de informações em todo os inimigos dos jogos, uma imensidão de imagens nunca antes divulgadas do período de desenvolvimento, uma enorme biblioteca de propagandas de revistas e jornais e um oceano de arte do personagem principal, os chefes robôs, Willie, Roll, Light e tudo mais. Além disso você tem acesso as Leaderboards (eu não gosto… mas tem muita gente que é gamada) e ao “Modo Desafio”.
E aqui que o Mahou acampa na minha sala.
O “Modo Desafio” pega pedaços de estágios dos seis Mega Man e apresenta, com alguma pequena modificação. Pode ser um limite de tempo, um limite de energia, um limite de uso de arma, algo desse tipo. Por exemplo, matar o Pharoh man sem Flash Stopper nem tanques de energia. Ou matar o Yellow Devil, um chefão clássico de Mega Man 1, em menos de 2 minutos. Esses desafios pegam jogos que já são difíceis e levam eles a outro extremo – onde você tem que, efetivamente, bater cabeça em cima daquilo até achar uma saída possível para a situação. E o pior? Ter que se virar nos trinta para conseguir passar por uma situação de um jeito que você não faria normalmente é estarrecedor de tão legal. Ponto super positivo do jogo.
No final Legacy é um senhor jogo, principalmente se você considerar o preço dele. Se você já tiver o Mega Man anniversary (do PS2, XBOX clássico e Game Cube) ou comprou todos os jogos em suas versões japonesas na PSN (que vem com trechos em anime que não existem aqui, infelizmente) ou tem os seis cartuchos originais de NES ou Famicom, não vai ter nada de novo para você aqui – salvo conseguir jogá-los com praticidade, numa saída HDMI, com resolução 1080p, o que, para mim, já valeria 60 obamas, quanto mais 15. Pegue se você jogou Mega Man na infância e pegue se você não jogou – é bom assim!