Eu sou um gamer, mas isso não significa que eu também não seja um cinéfilo e leitor voraz. E, enquanto eu consigo diversos livros que expandem ou recontam os games que tanto amo, a relação de games que chegam aos cinemas e consideravelmente menor. E, desses filmes, os que podem ser considerados bons, são ainda mais raros.
Então, de forma a comemorar com vocês a páscoa, uma época do ano caracterizada por aguentar uma parentada comendo um prato feito de um peixe salgado e esquisito, que a maior parte das pessoas não gosta verdadeiramente e abrindo ovos feitos de chocolate, que supostamente, deveriam ter uma surpresa dentro, o Mini irá dar uma rápida olhada nos games que quase chegaram a telona.
Metroid
Grandes nomes ligados ao projeto: John Woo
Sim… isso é verdade! E eu pirei tão loucamente com isso no passado! Em um determinado momento de 2004 a Tiger Hill productions, empresa de cinema que ninguém menos que o rei dos tiroteios, o mago das cenas de ação, o senhor das pombas, John Woo, adquiriu os direitos de filmar Metroid da Nintendo. Woo estava confiante em levar um dos maiores nomes dos games para as telonas, com um script que focava nos primeiros anos de Samus Aran como caçadora de recompensas e seu começo de vida com os Chooso. Infelizmente o filme trombou com uma parede criativa na Nintendo: a empresa, a época, não tinha a menor ideia real, de quem era Samus Aran. O que movia a heroína? Da onde via seu ódio pelos Space Pirates? Quem era Krait? Quem eram os Choosos? As respostas a todas essas perguntas haviam sido iniciadas em Metroid Prime, de 2002, mas com a série de Mangás da Adon ainda por serem lançados (em 2008) e sem Metroid: Other M (que só viria em 2012) a Nintendo ficou relutante em deixar a criação do lore do passado de sua caçadora de recompensas na mão de pessoas externas a empresa.
Visto as constantes negativas da empresa japonesa em informar uma posição, contar algo ou deixar que fosse, efetivamente, inventada pela equipe de Woo, a Tiger Hill deixou o projeto em banho Maria. O contrato venceu em 2009 sem que o projeto passasse do nível de script e não há novas notícias sobre a possibilidade de Metroid chegar as telas.
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Spy Hunter
Grandes nomes ligados ao projeto: John Woo, Dwayne “The Rock” Johnson
Spy Hunter estava quase lá. Quase lá! Os direitos de filmagem foram adquiridos pela universal em 2003, com um nome de peso como o rei, na época, dos filmes de ação, Dwayne “The Rock” Johnson, como ator principal, para entrar em pós produção em outubro de 2004 e com a fotografia principal para acontecer em 2005. Em janeiro de 2005, John Woo, cansado de aguardar uma posição da Nintendo relativo ao projeto Metroid, aceitou dirigir o longa.
O que poderia dar errado nessa combinação?
Hollywood. Hollywood deu errado. Ou certo, não dá muito para saber. John Woo teve dificuldades de agenda e não conseguiu “espremer” Spy Hunter entre os dois outros filmes que estava trabalhando na época, saindo do projeto antes do final do primeiro semestre de 2005. Johnson ainda ficou no projeto por mais algum tempo, mas também acabou deixando-o, desacreditado e com uma carreira mais lucrativa surgindo no segmento de humor. A Warner comprou os direitos das filmagens em 2007 e colocou Paul “Eu sou casado com a porra da Milla Jojovich” Anderson no leme, mas nada saiu disso também. Atualmente os direitos continuam com a Warner e, recentemente, o projeto foi assumido por Ruben Fleischer (Zombieland) – vamos ver se ele terá mais sorte que Woo e Anderson.
PS: Uma curiosidade é que há um jogo de Spy Hunter com o “The Rock”! Originalmente marcado para ser lançado junto com o filme “Spy Hunter: Nowhere to Run” é um senhor game de ação, lançado pela Midway em 2005, para o PS2 e Xbox clássico. O jogo conta com a voz e a aparência de Dwayne “The Rock” Johnson, assim como de alguns outros atores ligados ao projeto do filme e mostra como o “Interceptor” (o carro cheio de bugigangas do jogo) teria ficado na telona. É gostoso de jogar, mas meio repetitivo – eu, pessoalmente, recomendo!
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Super Mario Bros, também conhecido por Irmãos Mario
Grandes nomes ligados ao projeto: Deus e o mundo!
Não dá para usar meias palavras aqui: o filme “Irmãos Mario” de 1993 é um lixo! Uma das mais detestáveis experiências cinematográficas que fui forçado a engolir na minha vida toda. É triste ver todo o potencial de um personagem como os Mario jogado contra a montanha de bosta que é aquele filme.
Ainda assim a coisa podia ter sido pior. Em determinado momento de 1991 o leme do filme foi oferecido ao ator (e na época, somente ator) Danny Devito (que desistiu do projeto ao ler o script), com o diretor de elenco colocando Tom Hanks no papel de Mario Mario (sim… o sobrenome do desgraçado é Mario. Mario Mario e Luigi Mario – Luigi é lembrado de seu irmão melhor, mais corajoso e mais bem sucedido toda vez que olha para o próprio documento). E se isso não fosse ruim o suficiente o papel de Bowser foi oferecido para Arnold “Get to the Choppa!” Schwarzenegger. Duvidamos, aqui no Mini, que o resultado final teria sido melhor do que o que tivemos.
Irmãos Mario não foi só um filme horrível. Ele foi um filme horrível que fechou a porta por anos à adaptações de videogames para o cinema. E traumatizou a Nintendo por décadas. E parece que esse medo finalmente começou a ceder; depois da explosão de dinheiro que foi “Detona Ralph” da Disney Pixar – onde diversos personagens da gigante de Kyoto fazem uma participação. Depois do sucesso do filme a Nintendo, discretamente, tem estudado, junto ao diretor Rich Moore (do próprio “Detona Ralph”) a viabilidade de levar os irmãos mais incríveis do videogame de volta ao cinema no formato de uma animação. Se algo saíra disso… só o tempo dirá!
Uncharted
Grandes nomes ligados ao projeto: David O. Russel, Marl Wahlberg, Robert De Niro, Joe Pesci
O moderadamente bem sucedido diretor David O. Russel (de “O lado bom da vida”) poderia ter feito uma dobradinha de filmes imensamente bem sucedidos se tivesse fincado o pé e levado a melhor franquia do PS3 para o cinema. Na adaptação da Columbia os expectadores seriam apresentados a família do jovem Drake, com Robert De Niro no papel do pai de Drake, Joe Pesci no papel do eterno Victor “Goddammit” Sullivan e Mark Wahlberg fazendo o papel principal, como o eternamente sem sorte caçador de tesouros Nathan Drake.
Russel trabalhou duro no script até 2010, quando se desligou do projeto, por diferenças criativas, levando consigo o elenco até o momento. Neil Burger (de Limitless) foi contratado para rescrever e dirigir, mas também pulou fora.
É uma pena. O tamanho dos atores assim como a qualidade do diretor diziam que o projeto, que já é cinemático demais na mídia interativa, seria um grande filme. Quem sabe no futuro!
Warcraft
Grandes nomes ligados ao projeto: Sam Raimi
Você gostou de “O poderoso OZ”? Se gostou você é indiretamente responsável por não estarmos assistindo um filme de Warcraft. Sam Raimi, o visionário diretor por trás de Spider Man e Evil Dead, envolveu-se com o projeto de levar Azeroth as telas do cinema em 2008, depois que Spider Man 4 afundou, mas acabou se desligando do projeto no final de 2012, devido a diferenças criativas com a Blizzard. A Blizzard é imensamente atuante em todos os usos possíveis de suas propriedades intelectuais e estava “infeliz” com o resultado dos scripts propostos pelo diretor. Raimi culpa a situação toda na Blizzard. O projeto passou para as mãos de Duncan Jones (Luna) e tem nova data de lançamento para 2015 – num projeto que está sendo comparado a Avatar.
No entanto, o extremo cuidado da Blizzard com suas propriedades intelectuais tem um outro lado, maravilhoso. Uwe Boll, um dos piores diretores da história, responsável por monstruosidades como Postal e em Nome do Rei, se ofereceu, publicamente, para levar a eterna guerra entre a Aliança e a Horda para as telas. A Blizzard disse publicamente “Nunca!”.
American McGee’s Alice
Grandes nomes ligados ao projeto: Sarah Michelle Geller, Wes Craven
Logo depois do lançamento do sombrio, e imensamente bem sucedido, “Alice”, uma mistura curiosa de adventure e FPS que se passava dentro de uma terrivelmente distópica Wonderland causada pela internação de Alice em uma clínica psiquiatrica do século XIX, a indústria cinematográfica se agitou para trazer “Alice” as telas. Na época Wes Craven, um dos mestres do terror contemporâneo, estava atrelado a produção enquanto o material passava de produtora em produtora – até Craven abandonar o projeto após ele afundar com a Dimension Films. Quando o material caiu nas mãos da Universal, Sarah Michelle Geller garfou o papel principal e chegou a arriscar trazer o responsável pelos scripts da série Buffy para assinar o filme. Mais 5 anos passaram sem nada efetivamente ocorrer e Geller abandonou o barco, que afundou de vez.
É engraçado que os rumores da adaptação ressurgiram após o imensamente bem sucedido “Alice in Wornderland” de Tim Burton, mas nem o lançamento da continuação de “Alice”, que teve uma recepção de vendas meio morna, não conseguiu reacender o fogo das produtoras. Parece que a Alice completamente louca e esquizofrênica vai ficar só nos games mesmo.
Asteroids
Grandes nomes ligados ao projeto: Rolland Emerich
É possível fazer um filme sobre um jogo que não tem enredo? Rolland Emerich, a mente por trás de Independence Day e Armagedon, acreditava que sim, e se uniu ao produtor Lorenzo di Bonaventura (de Transformers), para fazer um filme onde um grupo de refugiados tentava sobreviver em um cinturão de asteroides, ao ataque de Aliens que pretendiam utilizar o cinturão contra eles.
Eu pergunto: o que isso tem a ver com o clássico Asteroids?
A resposta que a minha mente me dá é: O que você esperava do homem que dirigiu 2012?
Graças aos deuses de Hollywood o filme foi engavetado pela Universal e nós escapamos desse Asteroide em direção ao bom gosto!
Bioshock
Grandes nomes ligados ao projeto: Gore Verbinski
“I Choose Diferent! I Choose the impossible! I Choose… rapture!” – Essa frase me deu arrepios em 2007, quando eu joguei esse game a primeira vez, e continua o bom serviço até hoje! E Gore Verbinski (de Piratas do Caribe 3 e 4), assim como a Universal, provavelmente tiveram a mesma sensação: Raras vezes a licença de um jogo saiu também rápido da prateleira para o bolso de uma produtora. Infelizmente os imensos custos de filmar quase que inteiramente como em “300”, com cenários de fundo gerados quase que integralmente por CG, assim como a visão do diretor Verbinski em fazer um filme para maiores de 18 anos, causaram sérias dúvidas na produtora, que temia um flop (um filme que falhe grotescamente na bilheteria). Verbinski lutou muito por Bioshock, mas foi forçado a desistir 2010 – e acabou dirigindo “Rango”. O projeto foi desengavetado recentemente, com Juan Carlos Frenadillo (de 28 Weeks Later) no comando, com Verbinski na produção, mas sem a Universal por trás do projeto, e sem um apoio financeiro forte para bancar a mega produção, o projeto continua rodando em falso.
É uma pena. Bioshock, assim como System Shock antes dele, mereciam adaptações para o cinema!
Castlevania
Grandes nomes ligados ao projeto: Paul “Olhem a Gostosa da Minha Mulher” Anderson, James Wan
Esse ficou tão perto que eu quase senti o gosto! Como no caso de Spy Hunter o filme chegou a ter elenco divulgado e equipe de props localizando locações. E aí foi tudo por água abaixo! O rolo começou em 2005 quando a Crystal Sky Productions adquiriu os direitos sobre a franquia, colocando Paul W. S. Anderson no leme, devido a enorme experiência do diretor com adaptações (tendo feito Mortal Kombat e Resident Evil). Segundo Anderson, a época, o filme deveria cobrir o início da maldição do Drácula, a origem do Vampire Killer (o chicote) e o legado da família Belmont. Em 2007, depois de diversos scripts, os times de props localizaram as locações na Romênia e Slováquia e a produção parecia pronta para começar… quando a greve internacional da WGA colocou uma estaca final no coração do filme.
O projeto chegou a ver uma possibilidade de ressurreição nas mãos de James Wan (diretor de “Jogos Mortais”) que confessou, no MTV Movei Awards de 2009, que era um fã dos games. Infelizmente nada mais saiu dessa condição a não ser rumores. Diferente de Drácula esse filme parece ter, finalmente, encontrado seu descanso.
Gears of War
Grandes nomes ligados ao projeto: Len Wiseman, Kate Beckinsale
Esse chegou a ter poster! Len Wiseman, responsável por “Underworld”, conseguiu um orçamento de 150 milhões com a New Line Cinema, com direito a Kate Beckinsale a bordo do projeto! A atriz deveria trazer um lado mais feminino a produção enquanto a história deveria mostrar o Emergence Day. Se isso não deixou você salivando, nada vai deixar!
Infelizmente a New Line preferiu diminuir o orçamento para 100 milhões e exigiu de Wiseman, e dos roteiristas, uma história mais enxuta, mais ao estilo do fantástico, e extremamente lucrativo, “Cloverfield”. Wiseman se recusou a sacrificar a própria visão e pulou fora do projeto, levando sua esposa, Beckinsale, com ele. O fato que a Epic continua sem nenhum game que cubra o período do Emergence Day prova que ainda existe interesse de levar a história as telonas…
… resta rezar para que não seja com Uwe Boll!
God of War
Grandes nomes ligados ao projeto: Brett Ratner, Djimon Hounsou
Quando David Jaffe, criador de God of War, falou que o escritor do próprio game David Self, havia escrito um script, bastante fiel ao jogo original a não ser pelo fim, o mundo parou para escutar. Quando Brett Ratner disse que dirigiria o filme e que só estava esperando luz verde da New Line Cinema para começar a produção, o mundo esperou na ponta da cadeira. Quando o ator Djimon Hounsou, de diamantes de sangue, foi colocado como Kratos, o mundo não conseguia segurar a respiração.
Como ninguém assistiu um filme de God of War até hoje, o projeto, efetivamente, não deu em nada.
Recentemente, no entanto, dois roteiristas Hollywoodianos, Marcus Dantan e Patrick Melton, criaram um novo script, na tentativa de emplacar um prequel dos games e “humanizar” Kratos. A Sony gostou tanto do trabalho dos dois que parte de suas ideias viraram cenas em God of War: Ascension, mas nada foi dito sobre o projeto completo chegar a tela grande. E, principalmente, se chega a tela grande acompanhado por Ratner, que tem um histórico meio bagunçado de sucessos (Dragão Vermelho) e fracassos (X-Men 3).
Halo
Grandes nomes ligados ao projeto: Peter Jackson, Neill Blomkamp e Steven Spielberg
Como Bioshock e Uncharted, o estilo cinemático de Halo daria um ótimo filme. Infelizmente a culpada do Master Chief não ter chegado as telonas é uma só; ganância. O custo do filme seria altíssimo e a Microsoft se negava a participar com qualquer valor para a produção, esperando, no entanto, uma altíssima parte do lucro do projeto. Quando finalmente uma joint-venture entre a 20 Century Fox e a Universal conseguiram as condições que o projeto precisava, Peter Jackson (de “O senhor dos anéis”) assumiu como produtor e Neill Blomkamp (de “Distrito 9”) como diretor. Tudo parecia destinado ao sucesso até o momento onde a Microsoft quis “reconversar” a divisão do lucro do filme; 20 Century Fox pulou fora do projeto e tudo foi engavetado.
Desde então Blomkamp, um fã assumido da franquia, vem tentando, de todas as maneiras, emplacar Halo como filme. Ele criou, com dinheiro próprio, dois curtas para Internet (um deles utilizando um Warthog funcional), para animar Steven “I’m God!” Spielberg a assumir como produtor (Peter Jackson tinha começado a produção de “O Hobbit” à época)… mas apesar de animado o lendário Cineasta, e sua empresa, a Dreamworks, não se mexeram para tornar tudo realidade. Em parte o suor de Neill Blomkamp foi recompensado: ele foi a única opção da Microsoft para dirigir “Halo: Foward unto Dawn”, a web-serie que virou um filme de 90 min de duração. Way to microsoft… o prêmio de consolação foi legal, mas cadê meu filme?
Kane & Lynch
Grandes nomes ligados ao projeto: Bruce Willis, Jamie Foxx
O jogo uber violento envolvendo dois ex-membros do corredor da morte, em assaltos sensacionais, teve script assinado por Kyle Ward e planejamento levado até a pré-produção pelo pessoal da Lionsgate, com casting feito para os dois personagens principais com os uber astros Bruce Willis e Jamie Foxx (sim… o Django), com direito a Jon Lovitz fazendo o Mongo.
Simon Ward (sim… eles são irmãos) iria dirigir, mas questões financeiras empurraram o filme de 2011 para 2013. E isso matou o filme. Simon Ward se envolveu em seu novo projeto (“Wicked”), Bruce Willis pegou dois novos projetos e Jamie Foxx foi trabalhar com Tarantino.
E nós ficamos sem um filme de Kane & Linch, o que, considerando o último jogo, pode ter sido uma boa coisa!
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