Depois de quebrar a poderosa BioWare em três pedaços, a EA, decidiu, por fim, extinguir um dos estúdios, e mandar embora seus poucos mais de 30 integrantes. O estúdio em questão é o BioWare San Francisco, que focava em desenvolver jogos para celulares e jogos em flash, como Mirror’s Edge 2D, Dragon Age Legends, The Fancy Pants Adventures e AWOL assim como material extra para jogos da famosa produtora de RPGs.
A EA não comentou as razões do fechamento da empresa, mas empregados insistem que a EA considerava a empresa “cara demais” para os resultados que eram obtidos.
EA – matando uma empresa por vez! O Mini deseja a todos os membros da BioWare São Francisco boa sorte em suas novas empreitadas!
Nossa… poucas vezes foi tão difícil fazer o review de um jogo. E isso porque eu adorei Dead Space e amei Dead Space 2. Então, vocês se perguntam, você teve toda essa dificuldade porque o novo jogo é ruim?
Sim e não. E isso é parte do problema.
Então vamos as partes boas primeiro. Os gráficos de Dead Space 3 vão explodir a tanga da menina dos olhos de todo mundo. Das texturas a geometria, da animação ao sistema de luzes, o jogo dá um show em termos de qualidade gráfica. Seja no planeta de Tau Volantis, e suas enormes planícies geladas, ou no interior das estruturas parasitadas pelos cada vez mais avançados Necromorphs, você vai continuamente ser surpreendido com quão bonito e bem feito esse jogo é. O controle é funcional, e ficou consideravelmente mais fácil de usar com menos armas iniciais e mais modificações por arma, sem se distanciar do que já era uma marca de Dead Space – não se preocupe em controlar os personagens: Se você conseguiu terminar Dead Space 2, vai jogar esse aqui sem problemas.
O som merece um capítulo a parte. Desconsiderando duas ou três vozes mau escolhidas (uma delas pertencentes aos seu parceiro Co-op, John Carver, com seu estilo policial-durão-com-coração-de-ouro-que-perdeu-a-família-em-um-típico-filme-de-ação-dos-anos-80), que irritam um pouco, o restante do departamento sonoro é estelar. Contando com compositores respeitáveis, com trabalhos em “Aliens” e “The Thing”, a trilha sonora é um arraso!
Então os gráficos são excelentes, os controles bons e o departamento sonoro estelar? O que diabos você não gostou Marcel?
Do resto. Começando pela a história.
Se no primeiro Dead Space você era um sobrevivente, com poucos recursos e contando com sua inteligência e quase mais nada, e no segundo Dead Space, você tinha que lutar não só com o ambiente, mas também com a possível insanidade de Isaac, Dead Space 3 é monótono. Tudo isso desaparece. Isaac se comporta parte como um herói, parte como um covarde, parte como um homem interessado apenas em sobreviver longe dali – nem de perto o comportamento esperado de alguém que sabe que os Markers podem, e irão, destruir o universo. Seu relacionamento com sua ex-namorada, que curiosamente recuperou o olho que havia perdido em Dead Space 2, beira a insanidade. E as interações com John Carver parecem saídas de um filme ruim de ficção científica da década de 80. Tudo isso já seria péssimo se os personagens não descobrissem segredos milenares em segundos de observação, entendessem conceitos alienígenas num piscar de olhos ou tomarem conhecimento, por telepatia, dos planos militares que serão utilizados contra eles.
Junte a isso uma mudança imensa de paradigma do game: Acabou o terror. Lembra do pânico? Das mãos suadas? De atirar em cantos escuros com a munição escassa só para ter certeza que não havia nada ali? Então… se isso não acabou para você, vai diminuir muito. Parte da culpa é o seu parceiro Co-op, ter alguém que cubra você nas passagens escuras quebra a solidão característica de Dead Space, diminuindo a tensão. E o restante da culpa recaí sobre o design do próprio jogo – já estamos acostumados com Necromorphs surgindo de buracos no teto, saindo de grelhas de ar e coisas desse tipo. Como um golpe usado em um cavaleiro do Zodíaco, não vai funcionar duas vezes, imagina se utilizado centenas de vezes…
Os estágios são mais abertos, mas muito lineares. Há menos backtraking, mas menos puzzles e muito mais ação. A uma quantidade desnecessariamente alta de munição espalhada por todo canto (principalmente agora que as armas usam munição padronizada) e se você construir um bom rifle de repetição, fazer um cortador de plasma potente e algo como um shotgun, para limpar inimigos em curta distância, estará feito para quantos “New Game +” quiser rodar. Os Necromorphs continuam imbecis e violentos, mas são os humanos, com suas idéias idiotas e seu comportamento suicida que, provavelmente, vão irritar você muito mais.
Um capítulo a parte deve ser colocado aqui para o sistema de mini transações da EA e o sistema de criação de armas. Enquanto o segundo funciona muito bem, e dá um fôlego a mais para um game em desespero pelo último, o primeiro é uma porcaria. Criar suas próprias armas, melhorar sua armadura, escolher entre ter mais munição em uma arma ou ter mais espaço para guardar medkits, tudo isso é muito legal; tão legal, de fato, que depois da primeira vez que você jogar Dead Space 3 é bem provável que você volte por mais e mais no objetivo, meio “Diablesco” de conseguir as melhores armas e armaduras possíveis. Agora, a capacidade de comprar, com moeda interna ou dinheiro real, criações de outros jogadores é imbecil e rouba minha vontade de gastar tempo com o jogo: Para que diabos eu vou me esforçar se um imbecil com Ms points (ou US$, no PS3) sobrando, vai simplesmente comprar as melhores armas, armaduras e peças? Se a graça do sistema de criação de armas é lidar com a constante melhoria (e as limitações das suas criações), para que eu vou comprar as melhores peças logo de início? E como colocado por Lester, em seu “Video Game Bastardization” – O famoso “Pay to Win” modo de jogo, onde jogadores com menos tempo e menos, vamos chamar de “vocação”, pagam valores para ter algo que poderia, e deveria, ser conquistado com suor.
Olhando em retrospectiva esse review acabou mais negativo do que eu esperava. E eu acho que a EA deve desculpas a todos os fãs de Dead Space que estão lá fora. O jogo mudou? Muito! Assim como em Mass Effect 3 ele foi mega simplificado, posso até usar o termo “emburrecido”, para ser aceito, e usado, por um maior número de usuários. É um jogo ruim? Não… e isso é o pior, pelo menos para mim. Esse é um jogo de ação competente, com belíssimos gráficos e um som animal – se chamasse “The monster”, “The imigrant”, “the secret” ou qualquer outra coisa assim, eu iá provavelmente gostar muito. Mas é Dead Space…
… e isso que eu joguei, e ainda estou jogando, certamente não é Dead Space. Pelo menos do jeito que eu, e vocês, amamos.
Vale uma locação antes da compra. Ou esperar alguns meses e pegar em um preço bem mais baixo. Bom divertimento.