Kingdom Hearts 3D ou, como a Square quer que todo mundo chame, Kingdom Hearts Dream Drop Distance é um jogo muito estranho. Eu não sei se minha incapacidade de entender o roteiro dos últimos 2 Kingdom Hearts é que fez isso comigo, ou se o jogo é realmente confuso no departamento história, mas o fato é que as referências são obtusas e difíceis de seguir. Eu já havia me sentido assim em KH2 do PS2, portanto acho que é um problema da franquia que vou ter que aprender a lidar. Ainda assim fãs ardorosos devem ter um tempo muito muito muito melhor que o meu… se conseguirem entender o roteiro. O manual diz que o jogo é uma continuação direta de KH: Recoded, logo, pode ser que quem jogou tenha mais facilidade do que eu em entender a história. Eu só joguei as versões do PS2.
Roteiros a parte o game é bom. Bom, veja, não muito bom. Alguns pontos graves ficaram no caminho do que poderia ser um game colossal e nós vamos a cada problema por parte. Aliás vamos começar por onde não há problemas: o departamento sonoro. O som de KH3D é incrível! Músicas advindas da Disney, de Final Fantasy, dos KH e novas canções originais dão um charme simplesmente fantástico ao game. As vozes são bem escolhidas, com direito a quase todo o elenco dos jogos anteriores, e se somam a um conjunto de sons bem criados e que realmente fazem os mundos de KH3D parecerem vivos e emocionantes. É lindo para não dizer mais nada.
Graficamente o jogo é bonito, competente mesmo, mas não é glorioso, como Super Mario 3D Land ou Resident Evil Revelations. A não ser nas CGs… aí a porca torce o rabo: ELAS SÃO AS COISAS MAIS LINDAS QUE JÁ PASSARAM PELA TELA DO MEU 3DS!!! E DO SEU TAMBÉM!!! As animações são bem feitas, com movimentos para os personagens criados de forma competente e movimentação diferenciada para cada inimigo, amigo ou peça de cenário.
Mas se os gráficos contentaram você o controle vai te frustar… pelo menos no começo. O analógico funciona bem e o combate bebe profundamente no sistema de combate de KH 2, com a habilidade de customizar o que é necessário em cada botão ou em seus menus. Eles incluíram um novo método de movimento chamado Flowmotion, que essencialmente permite que você bata Riku e Sora contra postes, paredes e outros objetos, ricocheteando nos inimigos ou facilitando o movimento pelo cenários. Parece bom, né?! Só que é um pesadelo até você se acostumar e o game simplesmente não permite que você chegue muito longe sem fazer uso do Flowmotion. Eu literalmente fique com ódio do jogo, chegando a desligar o 3Ds e ir jogar outras coisas, por duas vezes, antes de começar a ter uma ideia de como usar o sistema. Quando você se acostuma e “pega o jeito” é sensacional e vai ser difícil imaginar um KH sem isso agora, mas até lá… é foda. O controle de câmera é porco e por muitas vezes eu tomei pancadas por não conseguir enxergar onde estavam os inimigos ou meus personagens, e isso se torna ainda mais complicado quando, em um ambiente grande, você vem zunindo em Flowmotion e acaba não conseguindo saber direito onde está porque a câmera ficou parada em uma única posição.
Aliás, já que estamos falando do sistema de combate e gameplay do jogo, do que diabos os inimigos são feitos? Não basta eu ter que acertá-los várias vezes com a arma ainda tenho que lutar com um sistema de detecção de colisão que é, meio, que palavra devo usar, preguiçoso… ele registra quase todos os golpes, esquecendo de um ou de outro, principalmente de ataques especiais, só porque eu estou fora da direção do inimigo por um ou dois graus… frustrante. Além disso chegar a vários lugares no cenário, mesmo sem inimigos, é irritante, com um sistema de plataforma que nem sempre funciona da melhor maneira. Somado a isso a Square incluiu um sistema de troca, que força você a jogar a história de Riku e Sora, mudando de personagem a cada tanto tempo… eu não estou zoando. Há a porra de um medidor de tempo na base da tela, e quando ele acaba, esteja você explorando a cidade ou lutando com um chefão, seu personagem é levado a uma hibernação e a história segue com o outro – você pode, imediatamente troca de personagem de novo, mas a, curta, animação que rola nas trocas não pode ser pulada.
Nossa como esse review soou negativo. Vamos sumarizar assim: Kingdom Hearts Dream Drop Distance é um bom jogo, mesmo que você não conheça nem ame a franquia. Ele não se importa em se explicar, na maior parte do tempo, mas sua história é fechada o suficiente para que você entende pelo menos o básico dela até o final. Os mundos criados são extremamente divertidos coloridos e bem feitos – e você vai querer retornar até eles várias e várias vezes – infelizmente o ato de ficar trocando em momentos importantes da trama bagunça um pouco o coreto. O controle não é o melhor do 3DS, mas gráficos e sons seguram a onda. Se você for um fã da série não vai nem ligar para os problemas (que são essencialmente os mesmos de KH 2, só que piorados pela ausência de um segundo analógico) e vai curtir muito mesmo o jogo. Altamente recomendado para fãs… se você não for um deles, pense duas vezes.
Bom divertimento!