Jogando: Resident Evil: Operation Raccoon City

Como acabar com o review de Resident Evil: Operation Raccoon City, que vou passar a chamar de ORC (porque o jogo me lembra um e porque é mais curto que Operation Raccon City), mais rápido e ir para a cama mais cedo? A melhor maneira de fazer isso é dizer que um apocalipse zumbi é preferível a esse jogo! É sério… eu prefiro colocar minha bunda gorda para correr das hordas morto-vivas do que sentar de novo para jogar esse game. E o pior é que eu destruí no review dos relançamentos HD de RE 4 e RE: Code Veronica e ambos (Com 7 e 12 anos, respectivamente) dão um COURO sentido em TODOS os aspectos em ORC. Isso mesmo que você leu! Escolha um aspecto… qualquer aspecto… de ORC e Code Veronica terá feito melhor, no Dreamcast, em 2000!

Posso ir dormir agora?

 

Mas o que fez você odiar o game tanto assim Marcel? O que te levou a pensar isso da nova entrada nesta franquia tão amada? Nossa… por onde eu começo?

Vamos começar pelo fator mais importante em todo jogo de terror/suspense: atmosfera. Aquela sensação de tensão e medo, de mãos suadas e de movimentos calculados – aquele pensamento que te atinge diversas vezes em RE 4 quando tudo estava em paz e você sabia que no momento em que pegasse a chave todo o inferno se abriria e o capeta estaria puxando as rédeas da horda infernal no encalço da sua bunda gorda. Isso é atmosfera! ORC não tem isso! Não tem pouco, nem mesmo menos do que era esperado… não tem NADA. Seu grupo até passa por períodos de dificuldade inorgânica (aos não game-designers: dificuldade inorgânica significa que o nível de dificuldade é elevado subitamente por fatores além do controle do jogador e de forma arbitrária. Ou seja não importa quanta munição você tenha guardado você vai perder a arma ali… ou quanta munição você jogue naquele monstro ele só morre depois de 3 minutos de luta – é diferente da dificuldade orgânica do jogo, que é a dificuldade de design como ter pouca munição no cenário, poucos checkpoints ou suas armas serem ineficientes) mas isso não tira o fato de que não existe tensão em trechos de quick-time events cinemáticos nos quais eu quase não tenho controle. Não existe medo aqui. Seus personagens são soldados que fazem piadas da situação e mesmo quando estão sob fogo cerrado soltam one-liners idióticas.

 

E a história não faz nada para ajudar isso… e olha que eles tinham um negócio bom nas mãos. Quando eu li, em 2010, sobre ORC a primeira vez, eu achei a ideia genuinamente legal. Um grupo de soldados da Umbrella é mandado para Raccoon City para destruir qualquer prova do envolvimento da empresa na epidemia Zumbi. Excelente! Várias boas ideias podiam ter partido daí mas o game não aproveita nenhuma. Você é o tempo todo lembrado de pontos relativos aos games RE2 e RE3, chegando a encontrar com personagens dos games anteriores, mas tudo é contado de uma forma tão descabeçada e sem graça, com um ritmo desconexo e… francamente… Chronno Cross teve a história melhor explicada (e este é um game que as pessoas fazem vídeos ATÉ HOJE no Youtube para tentar dar sua versão do que realmente aconteceu!). Quando terminei de jogar minha terceira hora no jogo eu me perguntei: __ Eu estou entendo a história?

Ao que meu cérebro me respondeu: __ Vai fazer alguma diferença?

Não… não vai! Porque este game não erra só na história e na atmosfera. Ele erra em outros níveis também… vamos a jogabilidade.

OK… esse botão mira… esse botão atira com a arma mirada… esse botão… porra gastei uma erva… ei… pera aí… eu conheço esse controle. É Dead Space! Mas porque eu me movimento como se eu fosse feito de concreto e porque minhas armas só fazem efeito de vez em quando? É sério! Eu descarreguei montanhas de tiros em certos lickers e eles mal e mal voltaram para trás… enquanto outros lickers, DO MESMO GRUPO, foram mortos com dois ou três tiros no traseiro. E isso não é o pior… um grupo de infectados se amontoa sobre o meu personagem, que pega a shotgun e dispara, dispara de novo e dispara mais uma vez…. sem efeito algum. Começo a sofrer dano enquanto tento levantar a arma de novo quando, de repente, os inimigos voam para todos os lados, alguns chegando a ter a cabeça explodida, como se tivessem acabado de levar um tiro. Pela roda de destruição formada dá para ver que foram meus tiros de Shotgun… que a merda do game levou algo em torno de 45 segundos para computar! É como se a cada tiro que eu desse o game simplesmente rola-se um dado e segundos depois me dissesse o que aconteceu… o sistema de combate de ORC é quase um D&D terceira edição. Aponte, role para acertar e veja se o dano entrou! E isso sem falar em seus companheiros de equipe. PRODUTORES… DE UMA VEZ POR TODAS… SE FOREM COLOCAR FOGO AMIGO GARANTAM QUE A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL SAIBA ABAIXAR OU SAIR DO CAMINHO… Não bastava meus colegas ficarem presos em corrimões de escadas, embaixo de escadas, em painéis de computadores ou ficarem parados, com cara de pastel, dentro de um elevador, enquanto as hordas de inimigos faziam miséria da minha bunda digital, eles entram na frente dos meus tiros e SOFREM DANO! Não… caralho! Half Life 2 Episode 1 e episode 2 fez isso de forma soberba a mais de 5 anos atrás… aprendam alguma coisa seus peidos do capeta!

Os gráficos são simplórios. Corredores e mais corredores iguais (com temáticas diferentes – agora estamos no esgoto, agora na base da umbrella, agora nos fundos da delegacia e nas ruas laterais, agora…) ou muitos parecidos com salas grandes recheadas de inimigos, criando uma espécie de sequência de hordas, quase como se você, em Gears of War 3, tivesse que andar de um cenário para o outro por um monte de corredores sem cor, sem vida e sem graça, entre as ondas do modo horde. Os personagens e os inimigos receberam uma bela animação, mas as cutscenes são ridículas (e olha que eu sou vacinado com isso… eu terminei Final Fantasy VIII!) e os efeitos, como partículas e iluminação, pertencem, no máximo, a um game do começo dessa geração – de novo… eu vi iluminações melhores em Resident Evil 5 e não tem nada aqui que chegue aos pés de Alan Wake.

O som é muito bom. As músicas são bem feitas e animam o jogador, embora elas não façam milagres e qualquer aumento de moral que elas tenham criado vai desaparecer na próxima vez que você acabar com a sua munição em inimigos que aparentemente não estão sentindo nada e, quando você for gastar a última bala de 765, a besta do seu colega controlado pelo PC cruzar a frente e levar o balaço na nuca. As vozes dos personagens conhecidos da franquia RE são competentes (com destaque para as vozes de Leon e Claire), mas as vozes dos personagens do seu esquadrão parecem um grupo de adolescentes tentando parecer homenzinhos (ou mocinhas) – enquanto os rugidos e os efeitos sonoros são muito bons. Eu me espantei quando peguei uma erva e ouvi o barulhinho típico de pegar erva desde RE: Code Veronica – eu nem lembrava mais que essa abominação era um Residente Evil!

É o pior jogo que você já jogou na vida? Nem de longe, acho que Sonic The hedgehog (o de 2006 – não o clássico eterno de Mega Drive/Genesis) e anoying sticks, do PS1, ainda estão lutando para decidir isso na minha mente. É o pior jogo que você jogou esse ano? Sim!! E olha que eu joguei NeverDead (review aqui). NeverDead é horrível, mal feito e xexelento, mas pelo menos a péssima jogabilidade detecta meus golpes em tempo real e a mecânica de perder partes do corpo, ou usá-los para solucionar puzzles, tem alguma novidade nela, pelo menos na primeira vez que você jogar o game – ainda é tão divertido quanto um tratamento de canal… mas é menos terrível do que jogar essa atrocidade que a Capcom preparou! ORC é medíocre onde deveria ser incrível e péssimo onde deveria ser passável e, francamente, ele me faz temer por RE 6 e o que pode estar guardado para nós em outubro. Fiquem longe desse senhoras e senhores… se precisarem mesmo voltar a Raccon City, façam isso em RE2!

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Sobre Marcel Bonatelli

Historiador de games e jogador inveterado eu respondo todas as suas dúvidas sobre games e o mercado de games no site minicastle.org ou no email marcelbonatelli@minicastle.org

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