Era 24 de dezembro de 1992. Aquele cheiro de comida gostosa na mesa, aquele converseira dos milhares de parentes em casa, aquele suor frio nas mãos enquanto todo mundo esperava dar meia noite, trocar os presentes e encher o bucho. Havia um pacotão naquele canto. E você sabia o que era. Quando seus pais liberaram o acesso (“dar o presente” seria forçar o verbo ao ponto de ruptura, visto que foi você que buscou a caixa e pôs na mão dos seus pais) ao conteúdo da caixa você a atacou sem dó nem piedade. E era um Super Nintendo.
Você o ligou na tomada, colocou na TV, os primos rodeando, a conversa baixando de volume, enquanto suas mãozinhas se preparavam para colocar o único cartucho que vinha na caixa dentro do aparelho: Super Mario World.
O natal, o ano novo, os primeiros seis meses do ano, acabaram naquele segundo. Quando você viu o que teria que fazer para chegar ao final, abrir os 96 mundos e conhecer cada recanto do game, você surtou. Agora imagine se naquela época, todos os seus primos que estavam te olhando pudessem ter entrado na dança. E no dia seguinte seus pais. Quão mais fácil seria convencê-los a comprar games para você, se você pudesse colocá-los lado a lado com você e fazê-los sentir a emoção de chutar o traseiro pontudo do Bowser.
E não machuca nada, nada se o game ainda for bonito de viver.
The New Super Mario Bros Wii é exatamente isso: Uma versão reimaginada do clássico Super Mario World com gráficos modernizados (e lindos… o jogo é lindo demais… rodando em cabo de vídeo componente é uma obra de arte), com músicas perfeitas de Koi Kondo, controle perfeito e diversão multiplayer para toda a família. E o mais importante, se você for do tipo de jogador que somos aqui no Mini, é a dificuldade, não impossível, mas bem ao gosto de Super Mario 3 do NES. Tão mais difícil que os jogos padrões atuais que a Nintendo o usou como o primeiro game a receber o “Super Guide”. E o que é o Super Guide? É uma espécie de piloto automático para videogame, gravado por uma pessoa na Nintendo jogando o game. Após um número de mortes em um mesmo lugar ou uma demora acentuada para passar de determinado estágio, um bloco verde aparecerá, acompanhado de uma mensagem dizendo que se lhe der uma cabeçada você entrará em um Super Guide mode. Se você o fizer o jogo muda o personagem para o Luigi e toma o controle do personagem, mostrando a maneira mais fácil de atravessar um abismo ou que roupas, itens e técnicas podem ser usados para vencer determinado estágio ou vilão. Se você tocar no direcional tomará o controle desse “Luigi”
meio fantasmal, uma forma do jogo lhe dizer que ainda está em Help Mode; deixe de tocar o controle por algum tempo e Luigi retoma sua jornada para o final da fase. O modo ainda mostra truques sujos, locais onde se pode amontoar 1ups entre outros requintes para que os amadores cheguem aos níveis dos profissionais.
Mas embora fantástico o game não é perfeito. Falta algo simples, algo que qualquer outra empresa no mercado teria colocado em um jogo tão voltado ao multiplayer – jogatina online. Por que diabos eu não posso jogar com outro jogador que conheço, friend codes ou não, ao invés de jogar com aquele primo chato ou irmão fedelho que está do meu lado. Melhor ainda, porque não posso competir contra outros jogadores online, com direito a Leader boards e outras bugigangas online. Por alguma razão a Big N continua considerando a internet um lugar meio perverso e não foi dessa vez que Mario e Luigi irão para o reino do Freakzoid. Ah… outra coisa rápida… queremos um patch para que possamos gravar nossas próprias fases e deixá-las para a posteridade, como os replays de Super Smash Bros Brawn. Faça acontecer Nintendo… já!
No mais o jogo é fantástico, vividamente merecedor de estourar a boca do balão em número de vendas em qualquer lugar. Estamos torcendo por você Mario… manda ver!
PS: A histórinha envolvendo o SNES é a exata maneira como eu consegui o meu!
