Jogando: Deus Ex 3: Human Revolution – Director’s Cut – Wii U e Steam

Sim… a versão original saiu a um tempinho atrás. O review da versão de 360 está aqui.

Mas este clássico do Cyberpunk era grande demais, poderoso demais, Blade Runner demais, para ficar contido em apenas uma versão… e 2 anos depois do lançamento original a Eidos traz uma nova versão do game, com o peso da produtora Square Enix por trás. Mas como melhorar algo que já era incrível?

Resolvendo os problemas e espelhando a prata da casa! Os três grandes problemas de Deus Ex:Human Revolution, que vamos passar a chamar de Deus Ex ou DE (para encurtar) eram: Inteligência artificial esquecida (você podia vir, colocar uma arma no rosto de uma pessoa, esperar todo mundo em volta surtar, guardar a arma e, passados alguns minutos, tudo estaria bem de novo – inclusive você podia voltar e conversar com quem você quase baleou e ele vai conversar de boa contigo), chefes tinham que ser vencidos na força bruta e policiais não reagiam a coisas estranhas, como você usando super força para redecorar o departamento de polícia (jogando mesas para todo lado e carregando uma máquina de refri nas costas para destampar um duto de segurança), destrancando portas com cifradores ou fritando sistemas eletrônicos com burst eletromagnéticos. A prata da casa era o restante da inteligencia artificial (que reagia de uma forma extremamente humana a você, surtando, pedindo perdão e piedade, fugindo de brigas ou correndo para se proteger de tiroteios, etc…), o sistema de habilidades e poderes (que permitiam aumentar as capacidades de seu personagem de acordo com seu estilo de jogar), o design EXTREMAMENTE competente de ambientes e atmosfera (que iá do trivial, como prédios com banheiros funcionais espalhados, ao complexo e que realmente modificava a jogabilidade, como prédios com tubulação de ar condicionado completo e realista, que podia ser infiltrada ou escalada, ou saídas de emergência/escadas de incêndio) e a liberdade dada pelo jogo, apoiada pelo verossimilhança criada pela IA e pelo design de ambientes, que permitia que você jogasse como quisesse, tomasse as decisões de história que quisesse e andasse como quisesse pelos ambientes colocados a sua frente (Algo que Shenmue introduziu e Deus Ex transformou em um monstro).

Então o que essa nova versão faz? Primeiro ela modifica completamente a maneira como os chefes são combatidos, com direito a utilizar qualquer maneira, ou qualquer combinação de maneiras, para destruir/subjugar o adversário. Se antes você tinha que atirar diretamente ao confrontar Lawrence Barret, o primeiro chefão, agora você pode ficar invisível e atacá-lo pelas costas, hackear turrets para que eles atirem nele, utilizar explosivos espalhados pela sala para desorientá-lo ou combinar tudo isso com diversas outras habilidades sua para ir ao abate. É delicioso e muito mais visceral e correto dentro da perspectiva de “Jogue ao seu estilo” de Deus Ex. A inteligência artificial não esquece mais de seus atos (atire em um policial e haverá “procura-se” virtuais com seu lindo rostinho… embora nem todo policial te reconheça de imediato) e reage a eles de forma imediata e real: tente levantar aquela máquina de refrigerante na delegacia e prepare-se para ouvir coisas como “O que diabos você está fazendo?” ou  “Ponha isso no lugar agora mesmo e afasta-se com as mãos onde possamos ver” – deixe de obedecer e conte o membros no chão. Ou entre atirando em um bar ou posto de serviços, mate alguém e saia… quando voltar a polícia será IMEDIATAMENTE acionada. Pequenos detalhes que fazem toda a diferença.

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Mas a experiência não para por aí: Novas habilidades e poderes foram colocados e os anteriores foram melhorados ou balanceados – para garantir um jogo mais tranquilo. Além disso a IA consegui ficar ainda melhor, as conversas foram tornadas ainda mais extensas e há novas missões (cortesia dos DLCs) que foram incorporadas diretamente na trama principal de tal forma que fica quase impossível pensar em como era a história de DE sem elas. E acredite em mim… história definitivamente não é um problema aqui! A história do game é fascinante, incrível, digna de um oscar de roteiro e adaptação – e combinada a jogabilidade, que mistura conceitos de tiroteio em primeira pessoa, RPG americano e adventures point-and-click, traz um dos melhores jogos da atualidade a vida.

No game você é o ex-policial-agora-chefe-de-segurança Adam Jensem, que vive se sentindo mal de ter desistido da força por uma carreira que paga melhor por causa da namorada, que trabalha para firma que ele protege (A Sarif Cybernetics). Antes de sua namorada apresentar ao mundo uma tecnologia que iria mudar tudo que conhecemos a firma é atacada, Jensem é quase morto e sua namorada é levada por um grupo desconhecido. Agora cabe ao ciberneticamente reconstruído ex-policial descobrir quem sequestrou sua namorada, quem lucra com isso e com quem ele está lutando, fazendo o que for necessário para isso.

Graficamente DE é bonito. Não é um Far Cry 3 bonito, mas é bem bonito. Por alguma razão (provavelmente pela quantidade de Neon, de telas holográficas e de Robôs que realmente parecem robôs) o estilo e a qualidade gráfica me lembram Mass Effect 3. A física é funcional, mas não impressionante e o jogo usa e abusa de métodos inteligentes para limitar o espaço de jogo (é uma ilha, um prédio gigantesco, etc…) sem quebrar o clima de “Você é livre para fazer o que bem entender”. Não vai te desapontar no quesito gráfico, mas não será um daqueles jogos que você vai guardar lembranças pela vida toda. O controle é funcional, e lembrando que o jogo não é um shooter, e sim um RPG com elementos de shooter, a maior parte dos fãs de Cod, Cod:MW, MoH e afins vão ficar um pouco desesperado com o fato que Adam Jensem não reage como um super soldado nem vai resistir a milhões de projéteis sendo jogados contra ele ao mesmo tempo (pelo menos não no início do game).O departamento sonoro é bom, as músicas desempenham bem o papel, com especial atenção a sonoridade dos ambientes, que parecem ricos e cheios, com pessoas conversando assuntos aleatórios que podem ou não ter a ver com a história. Não é o melhor som já visto, mas é bem legal.

A versão do Wii U permite utilizar o GamePad de formas fantásticas e que aumentam em muito a fluidez do jogo: 136378820914Todo o hacking e controle de inventário, sem falar em mapas, capacidades táticas e teclas de acesso rápido aos poderes, são feitos através da tela de toque, liberando espaço de Tv para o que realmente importante – o game em si. Na versão de PC os gráficos são ainda melhores que na versão do Wii U, rodando lisos com texturas que fazem o cú cair da bunda.

Como em 2011 eu concluo que, em suma Deux Ex: Human Revolution – Director’s Cut é o tipo de jogo que, se você gostar, vai gostar muito e provavelmente será um dos seus favoritos de 2013, mas se você não gostar, realmente não irá gostar, achando o processo de desenvolvimento penoso e lento. Não existirão meios termos. Eu recomendo a todos que tenham jogado o primeiro, a todos que gostem de adventures em primeira pessoa e a todos que queiram experimentar um novo estilo de RPG. Bom divertimento.

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