Jogando Metroid: Other M

Nós esperamos pacientemente desde que o game foi mostrado na E3 2009, e mais de um ano depois estamos finalmente excitados como um cachorro diante de um canil de fêmeas, e com a mesma reserva, colocando a mão no novo Metroid. E não é só um novo Metroid – é o primeiro Metroid feito em cooperação pela Nintendo e o time Ninja (da Namco, responsáveis pelos fenomenais Ninja Gaiden do Xbox, 360 e Ps3), e o primeiro Metroid 3D não-prime e é….

… o primeiro Metroid onde Samus Aran fala! A desgraçada fala! Ela finalmente fala! Deus… ela fala sem parar! Até os pensamentos dela são jocosos e heroicos. Ele me lembra o Snake nesse sentido (“Estou velho. Guerra. Um último assassinato” e outras frases heroicas porém vazias que povoam MGS4).

Other M é lindo. Lindo. Ainda acho que os Mario Galaxies são mais bonitos que ele, mas isso porque eles tem cenários coloridos, expansivos e abertos, enquanto o novo Metroid é completamente fechado e restrito a espaços, que embora dêem a impressão de vastidão, são realmente pequenos. Tudo o jogo foi desenhado de forma competente, os cenários fazem sentido (principalmente se você pensar que o jogo foi composto para ser usado em uma visão 2D e ½) e a visão em primeira pessoa é um deleite. Os monstros são bem feitos, bem animados, mas nada para escrever para casa sobre. Já as CGs… ah… ah… as CGs são de tirar o fôlego. PERFEITAS! Suficientemente longas para criar uma história rica mas suficientemente espalhadas para não lembrar, nem mesmo vagamente, o inferno sufocante de cortes no game que sofremos com MGS 4. Samus é fantasticamente bem animada e sua armadura reflete o cenário em volta, de maneira muito muito convincente; fora isso o grafismo das armas ficou extremamente encantandor: a primera vez que você usar um tiro carregado vai tirar lágrimas do seus olhos e a super bomb é uma experiência a parte.

O som do game é bem feito, embora eu discorde da atriz de voz escolhida para a Samus americana (a voz japonesa de Samus é rouca e meio gutural, quase como uma mulher fatal e misteriosa, enquanto a voz americana parece uma dona de casa lendo histórias daqueles romances de R$ 3,00 de fundo de banca) e reconheça que os rugidos dos inimigos são muito melhores nos Prime,  e segura bem a peteca. As músicas são remixes das melodias clássicas da franquia, nada novo aqui.

O controle vale um parágrafo a parte.  Lembram-se de como era jogar os primeiros games 3D do PS1 e Saturn? Lembram da época em que você não tinha controle da velocidade do personagem, do tamanho do passo dele e que sofria aqueles cortes de movimento devido aos pontos de não detecção do d-pad digital? Todos esses problemas estão de volta… só que eles parecem muito piores depois de 13 anos sem sofrê-los. E o pior é que a inclusão de uma opção de game com o classic ou com o nunchuck teriam finalizado esse problema. Uma pena ainda maior quando se pensa no tamanho do projeto e no quão deficiente ele ficou sem a inclusão desse pequeno detalhe. Leva um tempo enorme para voltar a se acostumar com movimento 3D em D-pad, mas depois de algumas horas você conseguirá jogar o game… reclamando o tempo todo.

E a jogabilidade? Boa pergunta. É o ponto alto do game… e faz o mesmo valer totalmente a pena, ademais os tropeços nos sons e controle. Nunca Samus passou por uma história tão rica e tão bem realizada, e sim, eu estou incluindo os Prime nessa afirmação. Other M é um mergulho na personalidade de Samus, com explicações, que se não razoáveis são perfeitamente aceitáveis para o não uso de certas armas em certos trechos do game (pela primeira vez na série), com cenários absurdamente bem desenhados (e com uma exploração vasta, sensata e bem feita) e uma escala que não desnorteia (como em Super Metroid), mas também não te carrega pela mão (como em Fusion). Prepare-se para lutar em melee com chefões, subir na cabeça de inimigos e atirar nos olhos deles, assim como destruir portas, salvar soldados e desfazer uma intriga que põe em risco a própria federação galática.

Em suma, Metroid Other M é mais do que eu experava e menos do que eu acreditava que seria. Samus finalmente falar se provou uma escolha acertada, mas uma escolha de voz melhor poderia ter tornado o game assustadoramente mais intenso. A história é adulta, sem ser política, rápida sem ser vazia e vasta sem ser lenta. Pode até ser que Samus tenha alguma objeção… mas nós não temos nenhuma.

Vá agarrar sua cópia. Não é o melhor game do Wii, mas com certeza é o melhor antes de Novembro.

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Sobre Marcel Bonatelli

Historiador de games e jogador inveterado eu respondo todas as suas dúvidas sobre games e o mercado de games no site minicastle.org ou no email marcelbonatelli@minicastle.org

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