Jogando: DMC – Devil May Cry

Eu sempre digo que lojas de videogames tem de estar equipadas, e com funcionários treinados, para certas eventualidades. As vezes uma pessoa sabe apenas que o novo namorado/namorada/ficante/amigo/amiga/irmão/irmã gosta de games e animes… mas não sabe exatamente o que ele/a joga. “Ah.. ele gosta de Zelda e Mario.. mas.. acho que ele já tem todos esses… o que é legal?”.

Percebam que, no exemplo acima, um bom atendente deveria ter recomendado algo que lembrasse as mecânicas de Zelda (como Darksiders ou, de longe… bem de longe, um Uncharted) ou de Mario (Rayman, Crash, etc…)… ou … falhando tudo o mais… apresentasse uma outra franquia da Nintendo para a pessoa.

Dado tudo isso, por que eu estou olhando para a caixa de DMC – Devil May Cry da Capcom? Quando foi que isso virou algo parecido com Zelda ou Mario? Há… e se o cara costuma comprar aí vejam no seu cadastro o número de jogos que ele compra de PS3 VS XBOX 360 – talvez desse uma pista da plataforma que ele usa mais! Enfim… ao review…

(E para aqueles que estão reclamando de eu estar fazendo um review de um jogo de mais de um mês atrás lembrem-se: Eu não tenho dinheiro para comprar todos os jogos que saem e estou limitado a fazer review do que eu jogo!)

Devil May Cry é uma série que nasceu na tentativa de Shinji Mikami de fazer um Resident Evil 4 digno do nome. Ele queria mandar para o inferno o sistema de controle Tanque e o sistema de item complexo e chato dos jogos da franquia, até então, em favor de um sistema de jogo mais rápido e maleável. Tomando um castelo europeu como setting a equipe começou a trabalhar na tentativa de tornar o jogo emocionante e rápido… além de pavoroso. Ele conseguiram 2 das 3: O jogo ficou rápido e emocionante, mas não importava como o cenário fosse construído ou o que fosse feito com a ambientação, o medo simplesmente não estava lá. Insatisfeito em simplesmente abandonar todo o trabalho feito Mikami pegou o conteúdo, abandonou a ideia de um Resident Evil e partiu na criação de uma nova franquia, com o amada/odiado filho de Sparda, o meio demônio Dante. E suas milhões de acrobacias, tiros, piruetas e movimentos.

Devil May Cry se tornou uma série de sucesso baseada em 2 jogos estelares (Devil May Cry 1 e 3) e um não tão bom (2). A franquia chegou ao 360/PS3 cheia de regalos tecnológicos e assustando com gráficos obscenamente bonitos para a época – mas com um estilo de jogo e um conteúdo que, se garantiam grandes vendas no PS2/XBOX, pareciam lugar comum na nova geração. Devil May Cry se viu, subitamente, lutando para continuar relevante. A Capcom ficou insatisfeita com as vendas e trancou seu produto numa sala escura (para ele aprender a vender mais) e começou a procurar uma saída para a situação.

A saída veio mais de 5 anos depois pelas mãos da britânica Ninja Theory – a mesma empresa de Heavenly Sword e Enslaved. A ideia “genial” da empresa? Reinventar Devil May Cry em uma roupagem mais moderna e mais “emo”! Eu juro que, quando fiquei sabendo que Dante passaria a ser um adolescente emo de cabelo preto espichado e com raivinha do mundo… eu fiquei um pouco preocupado.

Agora que eu joguei inteiro, e ganhando de presente, ainda por cima, eu consigo respirar mais aliviado e dizer a todos os fãs: Esse não é o Devil May Cry que vocês estão acostumados!

É muito muito muito muito muito melhor!

O novo DMC traz um Dante absurdamente mais vazio e imbecil que o bad ass champ de Devil May Cry normal. E a ideia de que ele é meio anjo meio demônio, ao invés de Meio demônio Meio mortal faz com que ele perca mais um nível de contato com a humanidade – o que não ajuda em nada a causa do novo Dante. Só que o universo em volta dele é tão tão bom… milhas melhor do que o pseudo universo medieval com tecnologia bélica dos Devil May Cry anteriores. Aqui o mundo mortal é uma versão Orwelliana do nosso mundo, com um estado opressivo e dominador utilizando das mídias para controlar os mortais. E os piores inimigos do jogo tem posições sociais e políticas extremamente interessantes por cima de suas posições de monstros desumanos. Eu ainda acho que a posição de Vergil ser um cara desonrado e horrível é péssima  e que a piada com o cabelo branco (“Nem em um milhão de anos!”) só ficou engraçada para as pessoas que gostaram mais do novo Dante…

… mas em termos de atmosfera esse novo DMC é bem melhor que suas contra partes anteriores. E a ação, ponto central do jogo, continua imensamente rápida e feroz, com armas de fogo quase que inúteis e Dante tendo que contar com imensas combinações de golpes de espada, foice, chicotes e chackras, entre outros, para derrotar seus inimigos. Nos níveis de dificuldade iniciais os movimentos saem com facilidade e o controle flui, com os combos chegando facilmente em nível S e dando milhares de pontos para o jogador. Quando o nível de dificuldade é alterado, no entanto, o jogo virá um inferno, com inimigos quase impossíveis de derrotar e com um XP nanico vindo, a menos que você seja perfeito. Se você é um louco por desafios… chegue junto!

Graficamente o jogo não é tão bonito como Dead Space 3, que você tem que apertar o Start várias vezes, e ver o jogo pausar, para acreditar que está jogando um game – mas os gráficos fazem seu serviço de forma interessante e a combinação de cores fortes com tracejado escuro cria um estilo único para o game. A animação é ímpar e a quantidade de partículas voando e uma coisa de outro mundo, com slowdowns propositais. O som também cria um estilo totalmente particular… com apenas um ponto que eu acho que merecia uma olhada mais particular de vocês. Essa éa música tema, com o clipe dela que aparece no jogo (e que você tem que assistir):

Sei lá… eu gostei. Mas eu sou fã de bruxinhas! Mas não entendo o que tem a ver com DMC.

No mais o jogo é bom. Não é excelente mas é um jogo de ação com uma história interessante e com um estilo de jogo imensamente gostoso. Não me enervou para fazer os combos, como o antigo Devil May Cry fazia mas o Dante novo fez o jogo perder pontos. Ainda é altamente recomendado para todos que gostam de super lutadores imensos destruindo pessoas e objetos a toda envolta. Mas se você é fã da série antiga… vá com calma para não se desapontar!

 

 

 

 

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Sobre Marcel Bonatelli

Historiador de games e jogador inveterado eu respondo todas as suas dúvidas sobre games e o mercado de games no site minicastle.org ou no email marcelbonatelli@minicastle.org

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