Me permitam fazer uma comparação um pouca longa. Você vai a uma festa e conhece uma moça/rapaz. Ela(e) tem um belo corpo (eu gosto de seios fartos… mas isso sou eu!), um lindo sorriso, cabelos sedosos, não tem bafo e tem um papo legal. Vocês trocam telefones e começam a se falar. Após mais 3 encontros você tem certeza de algumas coisas:
1) Ela(e) não gosta da sua saga favorita de ficção científica;
2) Ela(e) não curte videogame;
3 ) Você detesta a banda favorita dela(e) (e foi educado(a) o suficiente para não comentar) e ela(e) abomina a sua música favorita;
4) O que você considera romântico ela(e) considera enfadonho;
5) O sexo entre vocês é fantástico!
Dito isso vocês iniciam uma relação. Ninguém pediu ninguém em namoro, a coisa só começou. E conforme ela continua você sente que, embora não esteja perdendo o seu tempo ali, visto que a pessoa em questão é agradável, simplesmente não se sente ” completo” – como se pudesse usar melhor, ou usar com uma pessoa melhor, seu tempo. Essa é a exata sensação que eu tempo com Code of Princess. E eu tenho razões para isso.
Code of Princess é mais um soberbo serviço da Atlus, uma empresa que fez fama e fortuna trazendo para os EUA games que eram “japoneses demais” para ganharem um lançamento pelas próprias criadoras (como Square, Tri-Axe ou Konami). A empresa é muito amada pelos Otakus e é responsável pela versão americana de games como Catherine, Albert Odissey e Thousand Arms. Eles tem Know-how e sabem o que fazem. Code of Princess vai vender muito. Então porque eu sinto que não estou me divertindo tanto quanto deveria? Ah… Grinding.
Code of Princess é um RPG de ação com combate estilo Beat Up que acontece por visão Isométrica. Os inimigos vem… você bate neles, conforme vai subindo de nível vai ganhando mais poderes e golpes diferentes que podem ser conectados a sequência que você usa (você pode editar seu combo). A questão é que o número de inimigos é limitado, por uma questão que vou comentar mais para a frente, e bater em montanhas após montanhas deles para subir de nível leva um tempo e exige uma paciência que a maior parte dos jogadores simplesmente não tem mais. É tedioso contar o número de inimigos que se precisa massacrar para atingir o próximo nível e imensamente desgastante ver que, mesmo em níveis superiores e com acesso a mais golpes, o jogo não consegue fugir de ser um Beat Up de segunda. Aparentemente os criadores de CoP (Code of Princess) queriam criar um novo Guardian Heroes, o clássico Beat Up com elementos de RPG do finado SEGA Saturn, mas ficaram muito aquém no quesito jogabilidade, fluidez e diversão em combate. Aliás… veja você mesmo:
Guardian Heroes em Ação
Code of Princess em decepção
Então o jogo é ruim? Não… o jogo está longe de ser ruim. A história é fantástica e contada através de cenas de animação que misturam anime e cenas paradas com voice over. A protagonista tem pouca roupa, imensos seios e um humor sincero e verdadeiramente engraçado. O universo em volta da princesa é tão bem feito e tão profundo que dá vontade de se perder nele. Até o momento onde você percebe que, ao estilo do Mega Drive, tudo que os inimigos ganham para ficar mais fortes é uma mudança de palheta. Aliás, graficamente falando, CoP é muito bom. O 3D ficou animal, os pixels são grandes e bonitos, a arte é magnífica e a animação fantástica. Infelizmente há poucos tipos de inimigos, essencialmente porque todos os seres no jogo, dos amigos da princesa as criaturas derrotadas nas fases, podem ser usados por você nas fases, o que faz com que os inimigos mudem de cor para indicar aumento de força – você começa lutando contra ursos marrons, depois encontra ursos negros (que são mais fortes), ursos brancos (mais fortes ainda) e, por fim, ursos vermelhos (que são muito fortes e cospem fogo!) – você entendeu!
O som é o ponto mais forte do jogo, de longe. As músicas são lindas, um verdadeiro trabalho de arte, que exige um bom fone de ouvido para ser usado a exaustão. As vozes foram magnificamente escolhidas e batem, sem uma única exceção, com os personagens que deveriam representar. E o jogo ainda tem algumas “pistas sonoras”, que tomam a forma de “musiquinhas” que são tocadas toda vez que certo vilão ou personagem aparece – o mais engraçado é que, depois de um tempo, só de ouvir a pista sonora você já se anima para saber o que aquele personagem/vilão vai fazer. Em uma cena brilhante (da qual não posso comentar muito por questão de spoilers) um dos amigos da princesa, um personagem que vocês com certeza vão curtir muito, está disfarçado como um dos inimigos e, na hora que você vê a princesa sendo derrotada e levada como prisioneira, é o tema dele que está tocando, bem baixinho, por baixo da música normal do game. É muito legal!
No mais Cop é um bom jogo. Se você destruiu milhões de RPGs por turno na sua época de PS1/Ps2/Sega Saturn e ainda está com fome por mais subidas demoradas de nível e uma excelente história – com uma sobremesa de música perfeita – Code of Princess é para você. Se ao contrário, você se irrita em fazer a mesma coisa centenas e centenas e centenas de vezes, pode ser que nem a boa história vá segurar sua atenção. Só recomendo para os fãs Hardcore de J-RPGs BBBBBBBEEEEEEEEMMMMMMMMMM lentos. Boa diversão!