Goste ou não goste da epopeia de terror da Capcom todos temos que admitir: Alguns dos Resident Evil figuram na galeria dos melhores jogos de todos os tempos. Residente Evil 1 mudou o que se pensava de horror de sobrevivência, com balas contadas e cachorros zumbis; Resident Evil 2 expandiu o terror para toda a cidade de Raccon City e RE 4 redefiniu o que se esperava da série criando um estilo de ação/terror que vem sendo copiado a exaustão. Com a chuva de RE que inundaram os sistemas nos últimos anos temos visto essencialmente duas direções sendo tomadas: Uma mais voltada para a ação, como em RE 4, RE 5 e os RE em primeira pessoa e uma mais voltada para o terror, com munição contada e inimigos em massa, como em RE 1, 2, 3, DS e zero.
Talvez por isso Revelations sofra de personalidade múltipla, incapaz de se decidir se é um jogo de sobrevivência claustrofóbica ou se é uma galeria de tiro com alvos em enormes quantidades.
Graficamente o jogo é excelente. Os cenários tem uma qualidade gráfica comparável com o RE 4, mas com texturas soberbas – ainda que a maior parte do cenário não reaja a disparos ou qualquer outra interação. A iluminação é fantástica e a animação dos inimigos é amedrontadora e bem feita. Desde os cenários em movimento a bordo de um navio de luxo a um cassino banhada pelas luzes os gráficos de RE Revelations vão fazer os donos do 3DS se orgulharem de seus aparelhos. E isso tudo sem ativar o 3D – porque aí a onça bebe água: 3 Níveis de modificação de barra 3D indo do muito intenso ao bem leve, tornam os gráficos ainda mais vivos e a sensação de desolação ainda mais terrível. Sem falar em gosma e fragmentos que voam na direção da tela.
O som do jogo tem a qualidade esperada da série, com rugidos de monstros bem convincentes, barulhos musculares nojentos e o som das armas fazendo o game ainda mais visceral. Some a isso um sistema de controle nitidamente inspirado por RE 4 (a menos que você use o Nintendo 3DS Boat controller – para conseguir colocar um segundo analógico no 3DS) que só sofre um pouco com o fato do gatilho superior direito, usado para mirar, ser bem pequeno e muito pouco anatômico, fazendo com que o dedo deslize constantemente e, por vezes, levando a você parar de atirar ou perder a mira em horas críticas.
O gameplay é esquisito. Mais da metade do jogo se passa a bordo de um navio que foi tomado por outra arma biológica, com Jill Valentine e seu novo parceiro Parker Luciani tendo que sobreviver em um ambiente fechado, cheio de inimigos, contando balas, localizando chaves, virando chaves e encontrando itens de forma a prosseguir. Esses trechos são o auge do game com um fluxo tranquilo e bem orientado, levando-o do torpor ao êxtase em segundos, com uma atmosfera tão bem criada que você fica com medo de abrir certas portas ou andar por certas áreas do navio. O restante do jogo, no entanto, leva várias duplas de personagens a outros lugares do planeta onde o jogo ganha um estilo mais voltado para a ação, com munição de sobra sendo jogada na sua direção enquanto hordas de inimigos desmiolados entram na frente das suas balas – todo o terror desaparece em troca de uns poucos sustos aplicados em fórmulas clichês.
Isso destrói o jogo? De forma nenhuma! Mesmo com uma história tão rocambolesca que beira o inacessível e com seu jeito esquizofrênico de ser Resident Evil Revelations é um excelente jogo. É bonito, bem feito e, por mais da metade dele, realmente assustador. É o melhor RE de todos os tempos? Não, esse troféu continua nas mãos de RE 4, mas certamente é um game valioso para a franquia e uma demonstração clara do poder do portátil da Big N.
Bons sustos!
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