Jogando – Sonic and the Black Knight

Algumas pessoas dizem que eu devia ser menos ácido, situação na qual respondo (porque situação “onde” só pode ser aplicado para lugar) que um crítico é o mais feliz dos seres. Se um jogo conseguir passar pelo minha sabatinada e sair do outro lado como algo meramente “bom” eu ficarei muito muito feliz. Se o jogo for medíocre eu me divertirei imensamente acabando com a raça dele. Mas a verdadeira alegria (de um crítico) é achar um jogo ruim… não mediano, não pequeno, não mal acabado… apenas ruim. O tipo de jogo que pode ser visualmente lindo e sonoramente indecente mas ainda assim não conseguiu te convencer, nem mesmo te fisgar, e a única razão no universo humano para você continuar se torturando com aquilo é sua raiva de si mesmo de ter gasto seu dinheiro. Sonic and the Black Knight, no entanto, extrapola, ultrapassa… não!… explode… o limite do ruim é faz você implorar que seu Wii queime antes que seu cérebro derreta e saia pelo nariz.

2693366254_eabbb1fc10

Vou começar pelo que Sonic and the Black Knight não é. Ele não é feio.. aliás isso é um eufemismo… ele é um dos mais belos jogos do Wii, com gráficos rápidos, suaves e bem feitos, colorido de primeira, efeitos de luz e sombra belíssimos e todos os objetos e personagens, sejam os animais antropomórficos, o cavaleiro negro ou as centenas de vilões, plantas e cenários do jogo receberam um carinho incomum no design e animação. O som também não faz feio, trazendo uma trilha sonora que, se não empolga, não está abaixo do nível de qualidade padrão das produções do porco-espinho. Mas é o controle, a jogabilidade e a diversão que fazem esse título brilhar… como um buraco negro demoníaco da morte.

black20knight

Primeiro o controle não funciona… e isso não é culpa do sensor de movimento, como milhares dos não donos do Wii dirão. É culpa da SEGA mesmo. O ato de controlar o porco espinho como um bólido em disparada enquanto tenho que apertar uma combinação de botões para usar a espada e dar um solavanco no controle para que Sonic salte não é, nem de longe o mais intuitivo dos métodos de controle. Alíás acho que esse processo foi criado como uma forma de tortura dos programadores contra o jogador, por terem tido que programar esse jogo. Além disso o controle responde quando quer, e da forma que quer. As vezes um solavanco brutal não é interpretado e Sonic continua em direção do imenso abismo que deveria saltar com a alegria bizonha de um lemming bebâdo… enquanto em outras o mero ato de acertar a posição das mãos no Wii mote disparou um salto-mortal-carpado-de-costas-giratório-demôniaco-ninja, lançando-me, como não poderia deixar de ser, em direção a um abismo. É claro que Sonic não pareceu se importar. Claro que eu poderia perdoar todos esses problemas se a experiência fosse profunda e a jogabilidade encantadora… uma pena que a experiência tem a profundidade de um pires e a jogabilidade envolve você lutar lado a lado com outros heroís da tavola redonda, como Lancelot ou Galahad, que são interpretados por Knuckles ou Tails…. porque isso era tudo que eu precisava… uma Equidna e uma raposa radioativamente atingida (afinal ela/ele tem dois rabos) vestidos em armadura completa e falando frases das velhas histórias do Rei Arthur…. É péssimo… para dizer o mínimo.

image

Eu acho que algum lugar da Sega há uma quadro negro, onde diversas palavras são escritas. O novo diretor de cada jogo do Sonic vai até lá, pega alguns daqueles dardos que grudam e lança contra o quadro, dizendo algo como “Sonic… (o dardo pega na palavra “amor”)… se apaixona… (o segundo dardo pega na palavra “sorvete”)… por um pote de sorvete … (o terceiro dardo atinge a palavra “axila”) … sabor axila! É isso pessoal vamos fazer esse jogo acontecer!!!”. Só assim Sonic and The Black Knight pode ter vindo ao universo – estou com medo do que a Sega tem no futuro para o ouriço.